‘O Tim (Maia) foi grosseiro comigo. Mas eu o entendo’, diz Rafaela Soares Campos, que tenta ser reconhecida como filha do cantor
A notícia de que o corpo do cantor Tim Maia poderá exumado devido a decisão do Tribunal de Justiça do Rio desagradou muita gente. Inclusive amigos e familiares do cantor, que veem no ato um desrespeito ao ícone do soul brasileiro. Por trás da ação judicial está Rafaela Soares Campos, de 32 anos, que há quase duas décadas tenta ser reconhecida como filha dele.
- Não é de agora que corro atrás disso. Tinha 13 anos, quando liguei para o hotel em que ele estava hospedado. Quando atendeu, o Tim foi grosseiro comigo. Mas eu o entendo. Talvez agisse como ele ao ouvir do outro lado da linha uma pessoa falando que era minha filha - revela a jovem, em entrevista ao EXTRA por telefone. Ela ainda procurou a mãe do artista, Ana Maria Maia, e a irmã dele, Luzia Motta, mãe do cantor Ed Motta: - A primeira disse tinha problemas de saúde e a outra não queria se envolver. Mas não quero me promover. Estou em busca da minha verdade.
Oscilando entre a vontade de ser reconhecida como filha do cantor e o desânimo, a jovem procurou ajuda judicial.
- Essas coisas são difíceis para quem não tem dinheiro. Com o primeiro advogado o processo não andou. Só agora (ela trocou de advogado), conseguimos uma vitória. Tenho o direito de saber quem é meu pai. Se fosse o presidente ou um jardineiro, iria procurar saber.
Quando Rafaela era criança, a mãe, Izaelma Mendonça Campos, hoje com 57 anos, revelou o nome do seu pai. Na década de 70, ela foi uma espécie de secretária de Tim, com quem trabalhou por sete anos.
- Desde que me entendo por gente, lembro da minha mãe falando de quem eu era filha. Ninguém sabe das piadas que ouvi a vida inteira, ainda mais por ser filha dele. Mas queria ter brincado com ele, ter feito um monte de coisas que pais e filhos fazem. Quando ele morreu, chorei muito, fiquei sem chão. Hoje, sou espírita e sei que esse reconhecimento vai ajudar até o espírito dele.
Segundo a mãe, Rafaela tem a mesma personalidade do pai. O gosto pela música também está no DNA. Ela não canta, mas produz a roda de samba Tia Tânia e as meninas, que acontece todo segundo domingo de cada mês, na Associação de Rocha Miranda.
- Já me pediram para cantar música dele, mas a minha vida é organizar as rodas de samba e ver quem são os novos talentos - diz, ela, que na última terça-feira, comemorou seus 32 anos com mais esperança: - Não tenho como definir o que sentia nos Dias dos Pais e aniversários sem ele. Foram dias complicados. Mas no próximo, quando eu tiver com o nome dele na minha identidade, vai ser melhor.
Segundo o Dr. Sérgio Ricardo, advogado de Rafaela, se a família de Tim Maia não recorrer da decisão no Supremo Tribunal Judicial, entre dois e quatro meses ocorrerá a exumação do corpo do cantor.